Ideias e pensamentos em prosa e poesia.

Em busca de uma recolocação profissional, tenho participado de diversos processos seletivos e confesso que algumas coisas deram margem para essa discussão. Especialmente a área de Recrutamento e Seleção, uma das mais desafiadoras, seja em empresas ou consultorias de Recursos Humanos.

Vamos começar pelo básico: ler um currículo. Tenho percebido que muitos profissionais mal sabem ler o currículo do profissional. Participei de duas entrevistas no qual, para minha sorte, eu tinha meu currículo na mochila e entreguei a pessoa para ver se facilitava a leitura. Mesmo assim, era nítido que a pessoa não sabia identificar as informações, apesar delas estarem organizadas de acordo com o que o mercado pede: Dados Pessoais, Objetivo, Experiência Profissional (em ordem cronológica, iniciando da mais recente para a mais antiga), com a data inicial e final e as principais atividades. Em uma das entrevistas, preenchi uma ficha e fiz uma redação e o recrutador parou a entrevista no meio para ler, além de demonstrar total desinteresse pela própria empresa e pela oportunidade, apenas “jogando” as informações.

Segundo fator é o tempo de espera. Quando se marca o horário com o candidato, ele deveria ser respeitado. Afinal de contas, nós demonstramos o respeito ao compromisso chegando no horário, ou com certa antecedência. Claro que imprevistos surgem, nem sempre é possível atender no horário marcado, mas deixar o candidato esperando uma ou duas horas, acho que já é falta de respeito. Nós precisamos de emprego, estamos em busca de uma oportunidade, dispomos nosso tempo, cancelando outros compromissos para estar no horário marcado e ficamos lá, esperando além do que foi agendado, sem nenhuma satisfação e, quando se entra na sala, a entrevista dura 5 minutos e somos dispensados.

Outro fator que me incomodou bastante é o fato de ser chamado para oportunidades no qual não tenho experiência, mesmo que em uma pré-entrevista por telefone deixei claro não ter as competências técnicas para a vaga. Quando cheguei no lugar, percebi no primeiro momento que eu não seria aprovado para a próxima etapa – o que de fato aconteceu. Eu entendo que as empresas e/ou consultorias tem um número mínimo de pessoas para convocar e que, às vezes, realmente é possível considerar um candidato para determinada vaga pela vivência ser semelhante ou o candidato parecer ter o perfil, o que pode ser validado em uma entrevista pessoal.

Um último fator, antes de encerrar esse artigo, é a falta de educação de alguns profissionais. Lembram quando Andrea Sachs (interpretada por Anne Hathaway), com a poderosa Miranda Priestly (interpretada por Meryl Streep) no filme “O Diabo Veste Prada”? Infelizmente isso acontece no mundo real. Em uma entrevista que fiz (que a pessoa sabia que eu não tinha nenhuma experiência profissional e não me enquadrava no perfil), realmente me senti desqualificado, mais que como profissional, como pessoa. Cortesia e educação nunca fizeram mal a ninguém e, mesmo precisando trabalhar, não aceitei a proposta, por parecer que fosse uma caridade por parte do contratante e por ter sido desrespeitado.

Mas, é um quadro reversível. Para equilibrar essas frustrações, participei de entrevistas e processos que me senti valorizado, respeitado, no qual as oportunidades se enquadravam no meu perfil, a pessoa leu previamente meu currículo, fez anotações, demonstrou interesse na minha qualificação técnica e comportamental, fui atendido no horário ou, mesmo que atrasou um pouco, foi explicada a situação.

Temos que lembrar que estamos lidando com pessoas, mesmo que a pressão de clientes ou a urgência da vaga exerçam sua influência. Nós candidatos precisamos de uma nova oportunidade, mas acima de tudo, temos que ser respeitados e valorizados. Hoje em dia a internet permite troca de informações e materiais em grupos de RH, contatos com profissionais da área. É necessário se qualificar, se preparar e fazer um trabalho ético, claro. Se o intuito é buscar os melhores profissionais, é um bom começo demonstrar interesse e respeito ao futuro profissional. Uma vez que o processo seletivo começa bem feito (uma vez que ele é o cartão de visitas da empresa), o profissional sentirá necessidade de se esforçar e mostrar seu melhor, seja na entrevista e, depois na empresa. Agora pensem se for o contrário, se o processo começar desorganizado, atrasado, o que será que acontecerá?

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